sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sophia



I


Perfeito é não quebrar
A imaginária linha

Exacta é a recusa
E puro é o nojo.




II

Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os homens renunciam.



III
Poema


Cantaremos o desencontro:
O limiar e o limar perdidos

Cantaremos o desencontro:
A vida errada num país errado

Novos ratos mostram a avidez antiga.




Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal)

Barros


João de Barros (Guiné-Bissau)

Macedo

Áfricas


Aqui das Hiroshimas e Nagazakis
          os suputniks
               se tornaram lento sunguilar
                  de fogo
as feras nas bocas das chamas
hoje são
           cordeirinhos
           devorando os explorados
           em beijos
           de terna combustão




Jorge Macedo (Angola)

Nogar

Da Última Ceia


Faltou Judas nessa noite agoirenta

Embora as iguarias e demais apóstolos
Sem os trinta dinheiros  e o beijo fatal
ninguém se atreveu a tocar no pão

Não se podia alimentar a lenda
sem as pupilas incandescentes
do tal judas o traidor

Judas bode expiatório
da sacrossanta impunidade
Judas
pólo de irrevogável inclemência
do ideário cristalizado

Judas será Judas
Quer ele queira que não
e a essência das coisas dogmatizadas
deve aspergir sobre o medo inteiro
dos que aprenderam a soletrar assim

E há depois também as conveniências
dos que pintam
dos que vendem
dos que sobretudo compram
últimas ceias pelo mundo fora

Ah Judas traiu mais uma vez
eis o que sobra na mesa posta
não haverá ceia por esta noite
e Cristo apesar de Cristo e milagreiro
passará fome como um simples mortal

Como um desses milhões de famintos
que dão de comer a quem não tem fome

E assim chagados
ámen para todos os pacientes

Porque nós dizendo não
alimentaremos a revolução


Rui Nogar  (Moçambique)
Machava 15.02.66

Sanches



Eleutério Sanches (Angola)

Breytenbach

Castelo de Areia…

castelo de areia
interminavelmente
atestar de palavras
o muro do silêncio


Tua Cabeça Ergue-se…


tua cabeça ergue-se no espaço
como se erguesse uma pesada pedra

cravam-se teus joelhos firmemente no chão
e é como se

                                           o teu buraco do cu
                                                                        andasse ao sol a espreitar

assim olho no olho
dente contra dente

céu e terra cintado cinturada




Breyten Breytenbach (África do Sul)

Malangatana


Malangatana Valente (Moçambique)

Pessoa


O Infante


Deus quere, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.



Nevoeiro


Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…

É a Hora!



Fernando Pessoa (Portugal)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

doc SOC005

 
 

Guia da austeridade




Os portugueses integraram rapidamente no seu vocabulário as palavras "troika" e "austeridade", usando-as muitas vezes como sinónimos. E a verdade é que o Memorando de Entendimento, assinado a 3 de maio de 2011, assinalou o início de uma avalancha de medidas que representaram um considerável aperto do cinto.

No entanto, o Governo foi além do que a troika exigia quando suspendeu os subsídios de Natal e férias dos funcionários públicos. Ontem mesmo, o chefe da missão do FMI para Portugal dizia que a troika também não exigiu as mexidas na TSU.

Família

1. O acesso aos cuidados de saúde ficou mais caro. A taxa moderadora numa consulta nos centros de saúde é de 5 euros e numa urgência ronda os 20 euros. As isenções são atribuídas com base no rendimento.

2. O IVA de diversos produtos, como a água engarrafada, aumentou para a taxa intermédia de 13%. Os refrigerantes passaram a estar sujeitos à taxa de 23%. O IVA na restauração subiu para 23%.

3. O IVA sobre o gás e a eletricidade subiu de 6 para 23% ainda em 2011. Este ano, o preço da eletricidade aumentou 4%.

4. O IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis é agravado em 0,1% nas habitações reavaliadas ou transacionadas desde 2004. A taxa mínima passa de 0,5% e a máxima para 0,8%. Para alguns, os aumentos serão consideráveis.

5. As deduções com a habitação no IRS baixam para 15% num montante máximo de 591 euros. Antes eram de 30%. No próximo ano os descontos para IRS poderá aumentar se avançar a redução dos escalões.

6. As despesas de saúde passam a ser dedutíveis em sede de IRS apenas em 10%, menos 20% que os 30% até então aplicados. As deduções com seguros e educação também diminuiram.

7. Os transportes públicos sofrem um aumento de 15%, em Agosto de 2011, e no ínício de 2012 voltam a aumentar 5%.

8. Acabam os chamados passes sociais. Os reformados e estudantes deixam de ter direito a descontos. Os descontos dependem agora do rendimento.

9. As estradas sem custos para o utilizador, SCUT, passam todas a ser pagas.

Mais ricos

1. No ano passado, o Imposto Sobre Veículos (ISV) subiu 6,4% e no Orçamento do Estado estipulou-se que os montantes estavam sujeitos à cilindrada e às emissões de CO2. Assim, quanto mais cilindrada tem e quanto mais emitir CO2, mais paga de imposto. Em 2013, vai ser criado um imposto que agrava ainda mais o que os "veículos ligeiros de alta cilindrada" já pagam, contudo ainda não ficou claro a partir de que cilindrada é que se vai pagar esse imposto.

2. Criação de uma taxa de IRS adicional de 2,5% para os rendimentos anuais superiores a 153 300 euros. Esta soma à taxa de 46% aplicável a este escalão de rendimento. Ou seja, os mais ricos já eram alvos da austeridade.

3. As embarcações de recreio e as aeronaves de uso particular também vão passar a pagar mais. O Governo anunciou a medida ontem, mas não explicou de que forma é que iria cobrar mais aos detentores destes bens. Hoje, os barcos e jatos particulares pagam Imposto Único de Circulação (IUC).

4. As despesas com as casas, cujo valor patrimonial seja igual ou superior a um milhão de euros, vão também subir e ser agravadas com uma nova taxa em sede de Imposto de Selo. Este pode ser aplicado à posse e não apenas nas transações e deverá funcionar como uma receita que irá para os cofres do estado e não para as autarquias, como acontece com o IMI.

Função Pública

1. O corte salarial médio de 5% para remunerações acima de 1500 euros foi implementado em 2011 e será mantido até data incerta.

2. Sobretaxa de IRS no subsídio de Natal pago em 2011, equivalente a metade do valor líquido na parte que excedia os 485 euros

3. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para salários superiores a 600 euros e inferiores a 1100 euros. A partir deste valor o corte é integral.

4. Manutenção do congelamento nas progressões remuneratórias.

5. Idade da reforma passa em 2013 (e não em 2015) dos 63 anos e seis meses para 65 anos e o congelamento das admissões não tem fim à vista.

6. Revisão das regras da mobilidade especial com descida dos valores pagos e maior penalização para quem recuse uma recolocação.

7. Possibilidade de rescisões por mútuo acordo.

8. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a CGA ou Segurança Social (admitidos a partir de 2006).

Privados

1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal equivalente a 50% do valor líquido na parte que excedia os 45 euros.

2. Sujeição ao pagamento de IRS e de Segurança Social do subsídio de refeição de valor acima dos 5,55 euros quando pago em dinheiro (6,41 euros quando pago através de título de refeição).

3. Suspensão das reformas antecipadas.

4. Suspensão da bonificação de três dias úteis de férias atribuída aos trabalhadores assíduos, o que faz com que o período de férias tenha caído de 25 para 22 dias.

5. Despedimento por inadaptação facilitado, deixando de estar dependente de alterações tecnológicas no local de trabalho.

6. Criação de um limite máximo para as indemnizações em caso de despedimento, passando este a ser equivalente a 12 meses de salário.

7. Subida de 11% para 18% nas contribuições para a Segurança Social.

Recibos Verdes

1. Em setembro de 2011, altura em que é apurado todos os anos o novo valor a pagar à Segurança Social com base nos rendimentos do ano anterior, os recibos verdes viram as suas regras mudar em resultado do novo Código Contributivo que tinha sido aprovado em janeiro desse ano.

2. Até 15 de Fevereiro de 2012, os trabalhadores independentes tiveram de fazer a declaração dos seus rendimentos. Em 2011, a declaração não foi exigida.

3. Os recibos verdes também terão direito.a acumular o subsídio de desemprego com um salário de m novo emprego. Só vai acontecer em 2013, mas já se ficou a saber este ano.

4. Em 2013, os trabalhadores independentes vão passar a descontar para a Segurança Social não 29,6% como até aqui, mas 30,7%. Uma subida de 1,1 pontos percentuais, menos do que os sete pontos percentuais agravados para os trabalhadores por conta de outrem, que passarão a pagar 18%, mas que resulta do facto de os trabalhadores independentes não terem patrão que desconte também.

Desemprego e RSI

1. Desde que foi assinado o Memorando com a troika, há mais 167 mil desempregados. No total são mais de 850 mil pessoas que estão sem emprego.

2. O subsídio de desemprego dura menos tempo e o valor máximo da prestação baixou. O limite máximo da prestação era de 1257,66 euros e passou para 1048,05 euros mensais. O tempo máximo de subsídio é de 26 meses e antes era de 36 meses.

3. A partir de julho deste ano, há uma redução de 20% no valor do Rendimento Social de Inserção (RSI). Um requerente só pode receber até um máximo de 189,52 euros no total e pode também ter direito a receber por cada pessoa maior de idade 94,76 euros e por cada menor 56,86 euros. Uma família de dois adultos e duas crianças recebe no máximo 398 euros.

4. O acesso ao RSI passa a ter em conta o valor patrimonial mobiliário, o valor dos bens imóveis do requerente e do agregado familiar.

5. A prestação é atribuída por 12 meses e está sujeita a renovação.

Capital

1. A tributação dos rendimentos de capital vai sofrer um agravamento já este ano.

2. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as "royalties" vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%. Os dividendos, as mais-valias mobiliárias e as "royalties" vão passar a pagar uma taxa de 26,5% contra os atuais 25%.

3. Os juros dos depósitos também não escapam, ao verem a fiscalidade agravada em 1,5 pontos percentuais. Este será o segundo aumento das taxas desde a chegada da troika, depois do aumento de 21,5% para 25% em novembro de 2011.

4. Segundo as explicações dadas anteontem pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, estas medidas "serão introduzidas ainda em 2012 e continuarão em 2013 e nos anos seguintes".

5. A subida de cinco pontos nas taxas liberatórias colocam Portugal num dos níveis mais elevados da Europa.

Pensionistas

1. Sobretaxa de 3,5% no subsídio de Natal pago em 2011.

2. Suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal para reformas entre 600 e 1100 euros e total a partir deste valor.

3. Redução da dedução específica de 6 mil para 4104 euros.

4. Congelamento do aumento das pensões, exceto para as mínimas.

5. Proibição de acumular a pensão com uma remuneração paga pelo desempenho em cargos públicos. Em 2012, a medida passou a abranger os reformados da Segurança Social ou de entidades gestoras de fundos de pensões públicas , até ai apenas visava os da CGA.

6. Agravamento da taxa de solidariedade passando esta a ser de 25% para as pensões de valor entre 5 mil e 7500 euros e de 50% na parte que excede este valor

7. Aplicação do corte antes aplicado aos funcionários públicos que incidirá sobre reformas a partir dos 1500 euros.

 

BAPTISTA, Ana; LIMA, Ana Paula; TIAGO, Lúcia; ARAÚJO, Pedro  e SILVA, Tiago Figueiredo. “O Guia da Austyeridade”, Jornal de Notícias online, 13 setembro 2012, [url] http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2766974&page=-1

 


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

doc SOC004


 

doc SOC003




Trabalhadores da RTP acusam Passos Coelho de gasto "injustificável" com entrevista em S. Bento

 

A comissão de trabalhadores da RTP acusou o primeiro-ministro de obrigar o erário público ao gasto "injustificável" de milhares de euros para que a entrevista desta noite se realize em São Bento e não nas instalações da televisão.

Em comunicado emitido na quarta-feira à noite, a comissão de trabalhadores (CT) da RTP acusa o primeiro-ministro de obrigar à deslocação de vários profissionais do canal público à residência oficial em São Bento para a realização da entrevista agendada para esta quinta-feira, apenas para não enfrentar nas instalações da RTP "cara-a-cara os trabalhadores de uma empresa que o Governo está em vias de destruir".

"Não entendemos que, só para se poupar a esse confronto, tenha imposto a realização da entrevista em S. Bento, com um custo adicional de milhares de euros para o erário público, injustificável em tempo de cortes na despesa", refere a Comissão de Trabalhadores.

A CT da RTP afirmou, em comunicado, que "a tarefa especialmente ingrata" dos trabalhadores que estarão ao serviço da realização da entrevista e que vão cumprir as suas funções "com o profissionalismo de sempre", mas "sob protesto" de todos os trabalhadores da RTP.

Os trabalhadores da estação de serviço público de rádio e televisão acusam ainda o Governo de insistir no "desmembramento da RTP", com base numa "ideia fixa", sem nunca a ter explicado ou dado mostras de ter "estudado o assunto com seriedade".

A CT refere ainda que o Governo, através de declarações de vários ministros, tem demonstrando "ignorância" sobre o que é o serviço público de rádio e televisão.

"Um deles já o definiu até como o somatório de "missa e tempos de antena". Nós, profissionais da RTP, sabemos que serviço público não é isso. E não é certamente o tempo de antena de um primeiro-ministro desgastado, que, lá por ter pressa em privatizar a RTP às fatias, não deixa de querer utilizá-la até ao último sopro", concluiu o comunicado.

 
Jornal de Notícias online, 13 setembro 2012, [url] http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2767545&page=-1

imagem SIC

 

doc SOC002


 
 
Crise pode criar uma "geração de crianças problemáticas"
 

A atual crise pode criar uma "geração de crianças problemáticas", uma vez que as faixas etárias mais jovens "estão especialmente suscetíveis" aos efeitos da crise, avisou o presidente do Instituto de Educação da Universidade do Minho.

Em declarações à Lusa, Leandro Silva Almeida afirmou ainda que as "solução circunstanciais" para os problemas financeiros atuais "podem comprometer seriamente o futuro emocional" das crianças portuguesas.

Para este docente e investigador, atualmente em Portugal está-se a dar demasiada importância à "componente curricular" da educação infantil, e a "descuidar" outras áreas com "tanta ou mais importância".

Segundo Leandro Almeida, "a atual crise está a comprometer a educação", embora admita ser "necessário fazer escolhas face aos constrangimentos financeiros".

O investigador chamou a atenção para as consequências do atual momento de crise que Portugal atravessa nas crianças de hoje, "jovens do amanhã".

"A infância é uma das faixas etárias mais atingidas. Nesta altura os jovens estão especialmente suscetíveis aos efeitos vários de uma crise. Principalmente aos efeitos emocionais. O crescimento da criança não é só uma estimulação cognitiva", apontou.

Leandro Almeida lembra que a educação passa também por "questões alimentares, jogos" e que, "num momento em que há poucos recursos, os pais, vivenciando com drama as situações diárias, têm pouca disponibilidade afetiva".

Desta situação, avisou o especialista, "pode advir uma geração problemática", porque "os reflexos desta crise não se vão sentir só agora mas também mais tarde".

Daí, disse, "ser necessário refletir quais são as áreas estratégicas, e aquelas em que não é possível descurar ou eliminar recursos, sob pena de estarmos a comprometer o futuro do país para resolver um problema económico circunstancial de agora".

Até porque, explanou o docente da UMinho, "no país está-se a enfatizar muito a componente curricular", mas, afirmou, "não se consegue formar crianças felizes e ajudá-las a ter projetos de vida, se se limitar a formação exclusivamente à aprendizagem básica".

Para o responsável, "é preciso ter uma escola, uma família, uma comunidade atenta ao facto da educação ser o todo da pessoa, e uma criança que não [experimenta] na escola todas as componentes do seu ser, não vai saber estar, comportar-se nem integrar-se com sucesso na sociedade".

Assim, defendeu, "a educação cívica e as atividades extracurriculares são tanto ou mais importantes do que a educação curricular".

 



foto Lisa Soares/Global Imagens

 



doc SOC001




Portugal é o terceiro país da UE com mais desigualdades

 

Portugal é o país da União Europeia, com exceção da Letónia e Lituânia, a ter maiores desigualdades na distribuição dos rendimentos das famílias, revela um estudo que vai ser apresentado esta sexta e sábado em Lisboa.

Os dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que vão ser discutidos no sábado no Centro Cultural de Belém num encontro promovido pela instituição, revela que, embora tenha vindo a decrescer, as desigualdades na distribuição dos rendimentos pelas famílias portuguesas "são mais elevadas em Portugal do que em todos os países europeus, exceto Letónia e Lituânia".

De acordo com o estudo, os 20 por cento mais ricos têm um rendimento seis vezes superior ao dos 20 por cento mais pobres, embora a diferença tenha sido mais alta um ponto, entre 1995 e 2005.

O risco de pobreza atinge os 43, 4 por cento e é atenuado por apoios sociais, cifrando-se nos 17,9 por cento, ou seja, uma em cada cinco pessoas é considerada pobre e uma em cada três pessoas com mais de 65 anos vive só e é considerada pobre (35 por cento), números que estão abaixo da média europeia, que é de uma em cada quatro pessoas (24 por cento).

A discrepância entre ricos e pobres (também designada por Índice de Gini), que se situa nos 33,7 por cento, em contraponto com os 30,5 por cento da média europeia, ajuda a explicar as assimetrias existentes entre quem vive em áreas urbanas de quem vive em zonas rurais. Por isso, o estudo conclui que "o despovoamento do Portugal rural em favor das áreas urbanas e do litoral é uma tendência prevalecente".

Assim se explica que as regiões da Grande Lisboa e do Grande Porto, que ocupam apenas 2,4 por cento do território, concentram 31,5 por cento da população residente.

 
Jornal de Notícias online, 13 setembro 2012, [url] http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2768882
 
imagem solidariedade.pt

doc PPC012



Troika não exigiu mudanças na TSU
 
 “Se houver apenas austeridade, a economia não vai sobreviver”, diz Selassie

 

Abebe Selassie afirmou, em entrevista ao Público, que os cortes salariais foram ideia do governo e que a troika não exigiu qualquer mudança na Taxa Social Única (TSU).

Recorde-se que Vítor Gaspar já tinha dito o mesmo, na terça-feira, em entrevista à SIC: "a baixa da TSU para as empresas e a subida de sete pontos percentuais nos descontos para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações dos trabalhadores privados e do Estado não foram contrapartida exigidas pela troika para dar mais um ano a Portugal para reduzir o défice das contas públicas para valores abaixo dos 3%".

O chefe da missão do FMI em Portugal acrescentou ainda que se do programa constar apenas austeridade, "a economia não vai sobreviver".

“É imperativo que tenhamos também reformas que melhorem a produtividade. Resolver o problema da competitividade simplesmente reduzindo os salários não vai resultar”, disse ainda Selassie.

O economista etíope referiu ainda que qualquer medida que fosse tomada pelo executivo teria gerado um grande debate: “Se o IRS ou o IRC tivessem sido aumentados, as pessoas teriam dito: mas porquê o IRS, porquê o IRC? Se fosse o IVA também se queixariam. Qual seria a alternativa? Qualquer medida que fosse tomada teria também gerado um debate grande”.

Com a flexibilização das metas do défice, “o que tentámos foi dar mais tempo ao ajustamento orçamental, de modo a evitar tensões excessivas na economia”, concluiu o chefe da missão.

Segundo Selassie, o Governo decidira anteriormente não avançar com o corte da TSU, mas a ideia foi retomada “na sequência da decisão do Tribunal Constitucional sobre os cortes dos subsídios”.

Selassie disse também que a troika está convencida de que esta medida “irá suportar a procura de emprego”, embora reconhecendo que terá impacto sobre os rendimentos disponíveis.

“Imagino que esta seja uma das medidas mais difíceis que o governo já tomou até aqui. E insisto: nesta conjuntura, qualquer outra medida que tivesse sido tomada teria gerado o mesmo debate”, disse.

O chefe da missão do FMI rejeitou que Portugal esteja a ser sujeito a uma experiência económica e disse que o ajustamento orçamental se deve aos “desequilíbrios perigosos que a economia portuguesa acumulou desde 2001”.

Sobre a possibilidade de o PS votar contra o Orçamento de Estado, Selassie disse que “a base alargada de consenso social e político é importante”, mas que se trata de “uma questão de política doméstica interna”.

“Vemos o programa a correr bem até ao momento. Portugal ganhou credibilidade crescente pela forma como o programa foi implementado”, acrescentou.

Abebe Selassie deslocou-se a Portugal no âmbito da quinta avaliação da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) ao plano de ajustamento da economia portuguesa, concluída na terça-feira, de que resultou um adiamento das metas para reduzir o défice.

 

Jornal i, online,  13 setembro 2012, [url] http://www.ionline.pt/dinheiro/troika-nao-exigiu-mudancas-na-tsu
 
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doc PPC011


Ferreira Leite arrasa Gaspar: "Não se pode governar com base num ato de fé" e "destroçar" o País


O Executivo de Passos Coelho está a ser teimoso, não explica as medidas, está a governar o País com base num ato de fé e através de modelos e vai acabar por destroçar Portugal se não mudar de rumo. As palavras, bastante duras, são da ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, que ainda acredita que o corte da TSU não vai avançar, pois é preciso ter "bom senso".

Manuela Ferreira Leite deu esta noite uma entrevista à TVI24, onde lançou duras críticas às medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, centrando a reprovação na intenção do Governo em agravar a contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, por contrapartida à descida da taxa social única das empresas para 18%.

“Onde é que isto nos conduz?”, questiona Ferreira Leite, alertando para a necessidade de o Governo fazer uma análise e apresentar estudos sobre as medidas que pretende implementar e depois efetuar uma comunicação aos portugueses para dizer como estará o País em 2014.

Salientando que as medidas tomadas até aqui “não têm estado a dar resultados”, adiantou que um programa de ajustamento desta natureza tem que ser aplicado com “bom senso”, sem que a contrapartida seja “destruir um país, destroçar um país”.

“Se continuamos a insistir nesta receita, que não está a dar resultados, quando chegarmos ao fim o País está destroçado”, acusou Ferreira Leite, acrescentando não acreditar que “a troika queira destruir o País”.

Criticou também o Executivo de Passos Coelho por não dizer aos portugueses qual é o rumo do País. “Era bom que no anúncio das medidas nos mostrassem para onde vamos, onde pensam que vamos chegar”, pois não interessa introduzir medidas “se depois o País não se conseguir levantar”. “Se não alterarmos a política, nada nos indica que vamos melhorar”.

Como alternativa, Ferreira Leite recomenda que se negoceie com quem empresta dinheiro a Portugal, pois os “credores não estão interessados em que não tenhamos condições para lhes pagar”.

“Só por teimosia se pode insistir na receita”, disse Ferreira Leite, considerando que nos últimos agravamentos de impostos já “toda a gente via que não ia dar resultados, já se percebia que não dá receita”, por isso “devia-se alterar”, pois é para isso que servem as “negociações com a troika”.

Os modelos de Gaspar

A ex-ministra das Finanças do Governo de Barroso critica também o facto de não serem conhecidas as negociações com a troika.

“Não sei quais destas medidas foram impostas pela troika, quais recusámos, quais as que propusemos”, lamentou, acrescentando não ser capaz de “avaliar o papel pernicioso ou benéfico da visão que a troika tem” sobre a política que está a ser seguida.

Questionou também por que motivo é que a redução da TSU é agora considerada “essencial”, se não se houve “um sindicato, um economista, um empresário a defender” tal decisão. Para Ferreira Leite, a medida é “altamente perniciosa”, vai “aumentar dramaticamente o desemprego” e só por “teimosia é que pode vir a ser aplicada”.

Acusou o ministro das Finanças de estar a governar o País através de modelos e com base na experiência, pois um País é constituído por pessoas e a economia não é uma ciência exacta e dogmática.

“Sobre o mesmo assunto pode haver várias opiniões válidas. Um País governado com modelos é algo que me dá um enorme desconforto. Não podemos transformar o País num exercício de experimentação”, afirmou, acrescentando que se Vítor Gaspar está a tomar medidas “com base no que dizem os modelos, só por sorte é que acerta”.

“Bom senso vai acabar por imperar”

O que está a faltar muito a este Governo é “bom senso” e fundamentalmente “prudência”. Sobretudo numa altura em que a “Europa está numa situação que sabemos qual é: complexa e com poucas soluções”.

“Tínhamos que atravessar uma ponte”. Até aqui “temos percorrido sem problemas”, mas “quando estamos no meio da ponte”, temos que ter “a maior das precauções”, pois se “vamos tomar as medidas todas muito depressa” vamos “cair ao fundo e quando surgirem as medidas [na Europa] já estamos afogados lá em baixo”, ilustrou.

Reconheceu que se estivesse no Governo não teria adotado medidas muito diferentes das seguidas até aqui, mas garante que a atitude perante a troika era diferente. “O meu remédio não seria muito diferente, pois a orientação é externa. Mas de uma coisa tenho a certeza. Aquilo a que fosse obrigada a fazer e soubesse que era pernicioso, no mínimo dizia aos portugueses: ‘É mau, mas tenho que fazer. São eles que mandam. E berrava na Europa. Sou bem comportado e não me ouvem?”, questionou.

“Não tomaria nunca uma medida que tivesse um impacto tão violento”, ainda por cima sem benefício no emprego, disse Ferreira Leite, referindo-se à TSU, e usando depois outra analogia: “ninguém gosta de xarope, mas tomam de olhos fechado pois sabem que é para tratar a doença. Mas se tomo e estou pior e vem o médico e diz que se tem que tomar mais xarope, ninguém quer engolir pela segunda vez.”

“Não sei qual é o interesse desta medida surreal” de reduzir a TSU, disse Ferreira Leite, mostrando ainda esperanças que não avance. “Estou muito convicta de que o bom senso vai acabar por imperar” e que não se avance com “medidas que terão um efeito dramático no País”.

“Parece que se está a querer ficar igual à Grécia de propósito”

Lembrou que sempre defendeu que Portugal não era a Grécia, sobretudo porque “tínhamos consenso politico, maioria alargada no Parlamento, acordo de concertação social e uma máquina fiscal eficiente”.

Contudo, nos últimos dias quase tudo se alterou. “Parece que se está a querer ficar igual à Grécia de propósito”, lamentou Ferreira Leite, admitindo que “estamos todos desconfiados com o que se passa com o CDS”.

Quanto ao consenso social, Ferreira Leite questionou como os sindicatos podem aceitar a redução da TSU se isso vai agravar o desemprego e como os trabalhadores vão financiar as empresas sabendo que estas podem falir dentro de dias.

“Quando estou na rua sinto que há um ambiente de enorme desânimo e enorme descrédito”, disse Ferreira Leite, acrescentando que todos tiveram a noção e estavam mobilizados para a necessidade e inevitabilidade de fazer sacrifícios, “mas creio que ninguém teve a noção que esse processo poderia conduzir a que todos ficássemos pobres”.

Como se vai baixar o défice de 4,5% em 2013 para 2,5% em 2014?

Além de pedir esclarecimentos sobre como estará o país em 2014 e como decorrem as negociações com a troika, Ferreira Leite quer também ter mais informação como será o ajustamento orçamental em 2014.

“Temos esta brutalidade de medidas para 2013, para passar de um défice de 5% [em 2012] para 4,5%. Então como se passa de 4,5% para 2,5% em 2014? Chegaremos a que País? O que é que resta?”, questionou.

A ex-líder do PSD tem também dúvida sobre como vai conseguir Portugal regressar a uma trajetória de crescimento. Nessa altura “já não há empresas, faliram”, disse Ferreira Leite, desabafando que “não consigo imaginar. Isto não pode ser um ato de fé. Não podemos governar um país com um acto de fé”, só porque “acreditamos que isto vai acontecer”.

Presidente da República não pode servir para lavar consciência dos deputados

Ao longo da entrevista à TVI24, Ferreira Leite repetiu por diversas vezes o apelo ao bom senso e prudência, tendo em consideração as incógnitas que existem na Europa. “Não nos devemos precipitar, fazer experiências e sermos voluntaristas”.

Questionada sobre o papel do Presidente da República, Ferreira Leite desvalorizou o papel de Cavaco Silva no que diz respeito ao Orçamento do Estado. Apelou antes aos deputados, que foram eleitos pelas pessoas e não podem aprovar o Orçamento e esperar depois que o Presidente da República “lhes lave a consciência”.

“Não nos podemos apoiar naquilo que o Presidente da República pode fazer para nos isentarmos de exercer as obrigações que cada um”, afirmou Ferreira Leite, lembrando que há muitas formas de um deputado demonstrar a sua opinião, que no limite pode passar por “abandonar o mandato”.

Defendeu ainda a existência de manifestações, desde que sejam pacíficas e sirvam para mostrar aos poderes públicos que as “pessoas não aceitam determinado tipo de medidas”.

 

CARREGUEIRO, Nuno. «Ferreira Leite arrasa Gaspar: "Não se pode governar com base num acto de fé" e "destroçar" o País», Jornal de Negócios online, 13 setembro 2012, [url] http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=578299

 

 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Porto, Manifestação contras as políticas de austeridade



Referendo Imediato



Para a continuidade da RTP2





Tugaleaks apresenta queixa contra PPC


O Zeca é a nossa bandeira

ZECA AFONSO,
ontem, hoje e amanhã,
 
foi
é
e será sempre
 
 
a Nossa Bandeira.
 
DESFRANDEM-NA!


 
 

 
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Nojo


Apelidaram José Sócrates de Pinóquio. E dizia-se que o seu nariz, a exemplo do boneco da estória, crescia sempre que abria a boca. O nariz de PPC está tão comprido que não há dimensão, nas telas de computador, para o abarcar na totalidade.

As promessas de PPC durante a última campanha eleitoral, que fizeram com que ganhasse as últimas eleições legislativas, ficámos a saber desde que tomou o poder, não foram mera propaganda política nem estratégia eleitoralista: configuram hoje a MAIOR MENTIRA alguma vez enunciada em Portugal.

A inoperância perante uma escalada de preços dos combustíveis, sem precedentes e claramente configurando um cartel pornográfico das empresas do sector;

O despudorado aumento dos impostos sobre o consumo;

O desavergonhado corte nos subsídios sociais;

O perverso roubo do subsídio de natal dos funcionários públicos;  

A manutenção e aumento repulsivo das reformas douradas;

A proteção canalha dos salários milionários dos gestores públicos;

A proteção troikiana dos rendimentos da especulação bolsista;

A inoperância pútrida perante a irresponsabilidade da banca;

O amparo impúdico das grandes fortunas;

Etc., etc., etc.

Tudo isto revela o carácter político de PPC: um homem público com uma sanha desgovernada e uma aversão feroz a quem vive do trabalho.

As últimas medidas anunciadas pelo senhor-que-pensa-que-manda em Portugal são disso a prova clara e acabada.
 
Irrefutável!

Assim sendo, só me resta aqui afirmar que esse político me mete um fétido nojo.